Centro - Rio de Janeiro
Alexandre Monçores Salvador
Psicologia Clínica e Psicoterapia Corporal
CRP 05/46554
“Quando a boca cala, o corpo fala.
Quando a boca fala, o corpo sara”.
(21) 98280-8922
VOCÊ É MASOQUISTA?
É comum encontrar pessoas que cresceram sem ter recebido elogios ou palavras de incentivo. Muitas delas conviveram com críticas e palavras agressivas. Essas pessoas crescem com a ideia de que são inadequadas, nunca serão boas o suficiente e com isso surge a insegurança e o medo de não ser um adulto capaz de realizações.
As críticas, a percepção de incapacidade, a repressão sofrida, a falta de afeto vão fazendo com que a pessoa se acostume com o sofrimento. Então, o masoquista não é aquele que gosta de apanhar ou de sofrer, mas sim aquele que foi tolhido na sua possibilidade de satisfação. Sendo assim, o sofrimento se torna algo familiar, aceito e até desejável, porque representa algo que o masoquista já conhece.
Tentar oferecer ajuda é algo delicado porque ele vai tentar te convencer de que você não pode fazer nada por ele. Se apresentamos uma possibilidade de mudança ao masoquista, ele não aceita porque dessa maneira ele perderia os motivos que justificam as suas reclamações. Reclamar da vida o tempo todo é uma postura tipicamente masoquista.
Em muitos dos casos o masoquista fica até com raiva de quem quer ajudar e se irrita com as pessoas que dão bons conselhos. Ele não suporta elogios porque raramente recebia isso na vida. Seu hábito é a auto depreciação. A possibilidade de sair do sofrimento é uma ameaça à sua zona de conforto neurótica.
Na visão reichiana, o masoquismo não é decorrente de uma pulsão de morte ou um desejo biológico de sofrer. Ele está relacionado com a angústia orgástica ou o medo de não suportar o prazer por este ser ameaçador ao organismo. Esse medo tem relação também com a exigência de amor não satisfeita na infância.
O masoquismo seria um instinto secundário, o instinto primário é o sadismo (agressão sádica). Quando o sadismo é inibido por uma intensa frustração ou medo, essa agressão volta-se contra o sujeito. No entanto, Reich ensina que esta agressão ocorre devido a uma busca de prazer que não se realizou no sadismo. Desse modo, o sadismo torna-se masoquismo.
Em resumo, quando o masoquista se aproxima do prazer, ele sofre. Precisa fugir do prazer e se volta para a autopunição.
Segundo Reich, “o masoquista aspira ao prazer como qualquer indivíduo”, só que junto com o desejo vem o medo do castigo. Para não correr o risco de uma punição mais severa, o masoquista vive realizando autopunições mais brandas e, com isso, tenta aliviar sua angústia. Essa tentativa mostra uma maneira inadequada de lidar com o medo do abandono.
Mas como tratar o masoquismo?
O primeiro passo é o estabelecimento de uma vida sexual saudável e o equilíbrio da energia libidinal.
É fundamental também a ajuda psicoterapêutica, onde o terapeuta deve identificar os mecanismos de defesa do caráter masoquista e possa aponta-los para o paciente. Desmascarar as defesas contribui para que o sadismo original possa se manifestar e o paciente deixe de lado o medo da punição e se permita experimentar a descarga orgástica da libido.
Outro ponto importante é atentar para o ambiente em que a pessoa vive. Se o masoquista vive num contexto familiar infeliz e está cercado por pessoas que sugam sua energia e o colocam para baixo, este é um aspecto que precisa ser mudado. É necessário que ocorra uma reconfiguração familiar e a transformação do sujeito, para que ele possa viver de maneira mais autônoma, com mais energia em um ambiente mais saudável.
Atitudes que podem ajudar:
Deixar de falar e enxergar tudo de maneira negativa;
Evitar pessoas e relacionamentos tóxicos;
Aceitar os momentos de satisfação e prazer que possam surgir;
Perceba o sabor dos alimentos e sinta prazer ao degustar algo muito saboroso. Se não pode perceber isso em casa, se permita almoçar ou jantar fora. Se presenteie com algo que o fará ter “água na boca” ou muita satisfação ao comer. Beba um suco da fruta que mais lhe agrada e permita sentir o prazer de entrar em contato com o sabor.
Na hora do sexo, entregue-se às sensações das preliminares, curta o seu próprio corpo e o corpo do outro, sinta o cheiro, prove, ouse, perceba o ritmo, descubra os caminhos do prazer. O corpo pode ser um grande parque de diversões, aprenda a andar em todos os brinquedos e a se divertir com isso. Seja livre e se permita ter orgasmos sem medo, sem tabus. Não se assuste com o seu próprio prazer e não limite o prazer do outro. Sexo é vida e o orgasmo é uma energia que nos renova.
Tente ajudar alguém que precisa de ajuda, plante alguma coisa, crie alguma coisa, mergulhe, ande de bicicleta, pratique algum esporte, tente aprender algo novo, ligue para algum amigo, mude o cabelo, mude de estilo, de casa, de ideia, de país, grite a liberdade, entenda que dizer “que se dane” de vez em quando é bom, arrisque sem medo, erre e não se desespere com as consequências, errar é humano. Erramos para termos a oportunidade de aprender e fazer melhor.
Viva de maneira um pouco menos organizada, com um pouco menos de certezas. Pessoas com muitas certezas e “verdades” são chatas. Brinque e resgate a criança interior sempre que possível. Tudo o que existe dentro de nós precisa ser alimentado para viver.
Reserve um dia na semana para ser responsável, um para ser louco, um para ser livre, um para ser muito feliz, um para ser chato e outro para perceber o valor do dia feliz, um outro dia para ser curioso, um para ser preguiçoso, um para ter medo e outro para encontrar coragem. Faça da sua semana um eterno presente e viva o aqui e agora. Se permita sentir e viver tudo aquilo que acontece com você, sem ter a necessidade de fugir ou desistir.
Tente dançar e não tenha medo de parecer ridículo, ache graça de si mesmo, tenha fé em si mesmo e senso de humor acima de tudo. Relaxe.
Viva todos esses momentos sem esquecer que em todos os dias é preciso exercitar o amor, o desejo de viver, de aprender e de crescer.
E provavelmente, depois de ler isso tudo, o masoquista dirá:
“Eu não consigo fazer nada disso”.
Então preste bastante atenção!!!
Ao perceber que algo na sua vida lhe trouxe algum tipo de satisfação, aceite isso. Não encare o prazer como uma ameaça. Você tem o direito de sentir prazer, de ter alegria. Reconfigure sua “programação” e vá ensinando ao seu organismo a conviver com o prazer e entenda que isso não é errado e você não será punido.
Boa sorte !!!
Alexandre Monçores Salvador
Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta Corporal
CRP-05/46554